Eu adoro cinema. De todos os tipos. De todas as nacionalidades. Me divirto. Aprendo. Viajo.
E assim, sempre que posso, uso o cinema para melhorar o meu inglês. Gírias, expressões do dia a dia e sotaques diferentes fazem desta minha diversão também um desafio. Claro, tenho que segurar o ímpeto (quase irresistível) de colocar legenda. Não coloco, nem mesmo em inglês. Posso dizer? O progresso é galopante!
Então, se você deseja melhorar o português, que tal assistir alguns filmes brasileiros?
Pequena cronologia do cinema brasileiro
1898 – Voltando da Europa a bordo de um navio, o imigrante italiano Affonso Segretto filma cenas do porto da cidade do Rio de Janeiro. Torna-se o primeiro cineasta do Brasil e realiza uma série de documentários.
1907 – A chegada da energia elétrica na cidade do Rio de Janeiro impulsiona o comércio cinematográfico no país. Reconstituições de fatos do dia a dia são a temática desta fase.
1912 – O cinema brasileiro enfrenta forte crise com problemas de produção e dificuldade de exibição. O cinema norte-americano domina as salas de exibição do Brasil.
1925 – Com maior qualidade, o cinema mudo brasileiro se consolida e os veículos de comunicação da época passam a divulgar as produções nacionais.
Década de 30 – Inicia-se a era do cinema falado. A produção nacional, ainda restrita ao Rio de Janeiro, gira em torno das comédias populares chamadas de chanchadas. Com muita dança e números musicais, as chanchadas são estreladas por cantores de rádio e atrizes do teatro de revista. Em 1936, a cantora-celebridade da época, Carmem Miranda, estrela a chanchada “Alô, Alô, Carnaval” de Adhemar Gonzaga.
Década de 40 – Industriais paulistas criam a Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Com equipamentos de última geração e um sistema de produção mais sofisticado, a ideia é competir com as produções do mercado internacional. Mesmo falindo em 1954, uma de suas produções, “O Cangaceiro” de Lima Barreto, torna-se um grande sucesso de público.
Década de 60 – Surge o Cinema Novo, movimento de jovens cineastas que rejeitam o cinema popular das chanchadas e começam a produzir filmes de forte temática social. Glauber Rocha dirige filmes como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1968). Diretores como Cacá Diegues, Ruy Guerra e outros, participam de prestigiados festivais de cinema internacionais. No final desta década, surge o Cinema Marginal. O lavrador e o operário (personagens do Cinema Novo) saem de cena e entram em seu lugar bandidos, traficantes e prostitutas (personagens do Cinema Marginal). Surge ainda nesta fase a pornochanchada, um gênero de filme onde comédia e erotismo se misturam.
Anos 70/80 – Produções de estilos diversos como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976) de Bruno Barreto, “Bye Bye Brasil” (1979) de Carlos Diegues e “Memórias do Cárcere” (1984) de Nelson Pereira dos Santos são produções importantes desta fase do cinema brasileiro.
Anos 90 – Durante a primeira metade da década de 90, a produção do cinema brasileiro ficou praticamente parada por conta de alterações nas políticas internas. Mas, desde então, o cinema brasileiro vem se recuperando. Leis de incentivo e apoio a produção nacional de cinema, aliadas a profissionais muito talentosos, tem produzido obras excepcionais.
Veja alguns filmes premiados do cinema brasileiro
O Palhaço, de Selton Mello (2011)
Tema: Conta a história vivida por um palhaço e seu pai num circo mambembe durante os anos 70.
Prêmios: Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Som no Prêmio ABC de Cinematografia – Melhor Fotografia no Tiburon International Film Festival
Tropa de Elite, de José Padilha (2007)
Tema: Violência urbana no Rio de Janeiro.
Prêmios: Urso de Ouro de Melhor Filme – Melhor Filme no Festival Hola Lisboa
Cidade de Deus, de Fernando Meirelles (2002)
Tema: Crescimento do crime organizado no Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1980.
Prêmios: Festivais de Cannes, Bafta e Havana – indicado ao Oscar nas categorias: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição
Central do Brasil, de Walter Salles (1998)
Tema: Um retrato das pessoas que migram pelo país na tentativa de conseguir melhor qualidade de vida ou reaver parentes deixados para trás.
Prêmios: Urso de Ouro de Melhor Filme – Urso de Prata de Melhor Atriz para Fernanda Montenegro – Prêmio Especial de Melhor Filme do Júri no Festival de Berlim – Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro nos Estados Unidos – BAFTA, no Reino Unido – Sapo de Ouro, na Polônia – Prêmios Audiência e Júri Jovem, no Festival de San Sebastian, na Espanha – Indicado ao Oscar nas categorias Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz
O Quatrilho, de Fabio Barreto (1994)
Tema: Sobre dois casais de imigrantes italianos que vivem no estado do Rio Grande do Sul no início do século 20.
Prêmios: Melhor Atriz, para Glória Pires, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora, no Festival de Cinema de Havana – Indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro
O Beijo da Mulher-Aranha, de Hector Babenco (1986)
Tema: O filme conta a história do prisioneiro político de esquerda e um homossexual efeminado que dividem uma cela numa prisão brasileira.
Prêmios: Oscar de Melhor Ator para William Hurt – Melhor Ator para William Hurt no Festival de Cinema de Cannes e no BAFTA.
Pixote, a lei do mais fraco, de Hector Babenco (1981)
Tema: Retrata o submundo das crianças abandonadas de São Paulo.
Prêmios: New York Film Critics Circle Awards – NYFCC, de Melhor Filme Estrangeiro – Leopardo de Prata no Festival de Locarno, na Suíça – Globo de Ouro de Melhor Filme, nos Estados Unidos
O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte (1962)
Tema: Aborda os conflitos entre a religiosidade popular e a religião, sobretudo os valores não aceitos pela religião “oficial” do Brasil, a católica.
Prêmios: Palma de Ouro de Melhor Filme, no Festival de Cannes, na França – Prêmio Especial do Júri, no Festival de Cartagena, na Colômbia – Indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro
O Cangaceiro, de Lima Barreto (1953)
Tema: Filme baseado no brasileiro Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
Prêmios: Melhor Filme de Aventura e de Melhor Trilha Sonora no Festival Internacional de Cannes.